ZIKA, Chikungunya e Dengue: Entenda as Diferenças
Mapa de presença dos vírus. Fonte: Centers for Disease Control and Prevention (CDC)
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A
microcefalia é uma anomalia congênita, que se manifesta antes do nascimento e
pode ser resultado de uma série de fatores de diferentes origens, como as
substâncias químicas, agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e
radiação. Em coletiva de imprensa realizada em (17/11), o Ministério da Saúde
(MS) informou que uma das possibilidades que está sendo considerada por alguns
especialistas seria a transmissão vertical do vírus zika - diagnósticos
laboratoriais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) que constataram a presença
do genoma do vírus zika em amostras relativas a duas gestantes do
estado da Paraíba. Ou seja, a malformação poderia estar relacionada à infecção
pelo vírus zika em gestantes nos primeiros meses de gestação.
O vírus zika muitas vezes é
confundido com dengue e chikungunya. No Brasil, desde abril de 2015 temos a
presença desses três vírus. Mas ainda há a necessidade de se ampliar a
divulgação sobre os sintomas e, principalmente, as diferenças entre essas três
infecções.
Dengue,
chikungunya e zika são transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquitoAedes aegypti. E, embora zika, chikungunya e dengue apresentem
sinais clinicamente parecidos, como febre, dores de cabeça, dores nas
articulações, enjoo e exantema (rash cutâneo ou machas vermelhas pelo corpo),
há alguns sintomas marcantes que as diferem. A principal manifestação clínica
de chikungunya, por exemplo, são as fortes dores nas articulações, a artralgia.
Essa artralgia pode se manifestar em todas as articulações, mas, em especial,
nas dos pés e das mãos, como dedos, tornozelos e pulsos. Na chikungunya, essas
dores são decorrentes de um processo inflamatório nas articulações e podem ser
acompanhadas de edemas e rigidez.
Também é possível haver esse tipo de
dores na dengue e no zika, mas a diferença está, segundo especialistas, na
intensidade da dor. Enquanto o paciente com dengue ou zika pode apresentar
dores de leves a moderadas, o paciente infectado com chikungunya apresenta
dores de nível elevado, tendo como consequência a redução da produtividade e da
qualidade de vida. Na fase subaguda ou crônica da doença, as dores podem
persistir por meses ou até mesmo anos, particularmente em pacientes mais
velhos. Segundo dados do Instituto Pasteur, um estudo sobre os casos ocorridos na
África do Sul relatou que pacientes ainda sofriam de dores intensas nas
articulações de 3 a 5 anos após a infecção aguda de chikungunya.
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Com relação à febre, dengue e
chikungunya são marcadas pela febre alta, geralmente acima de 39°C e de início
imediato. Já os pacientes de zika apresentam febre baixa ou, muitas vezes, nem
apresentam febre. Os sintomas relacionados ao vírus zika costumam se manifestar
de maneira branda e o paciente pode, inclusive, estar infectado e não
apresentar qualquer sintoma. Mas uma manifestação clínica que pode aparecer
logo nas primeiras 24 horas e é considerada uma marca da doença é o rash
cutâneo e o prurido, ou seja, manchas vermelhas na pele que provocam intensa
coceira. Há, inclusive, relatos de pacientes que têm dificuldade para dormir
por conta da intensidade dessas coceiras.
Outro sintoma que pode servir nos
diagnósticos clínicos dessas doenças é a vermelhidão nos olhos. Enquanto a
dengue provoca dores nos olhos, o paciente infectado com zika ou chikungunya
pode apresentar olhos vermelhos, com uma conjuntivite sem secreção.
Dentre as três doenças, dengue tem
sido considerada a mais perigosa pelo número de mortes. Segundo boletim
epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em outubro deste ano, já são
693 mortes por dengue confirmadas apenas em 2015. Mortes relacionadas à
chikungunya são muito raras e ocorrem por complicações em pacientes com doenças
pré-existentes. E, embora ainda não se tenha relato de morte relacionada à
infecção por zika, esse vírus é o único dentre os três que tem sido associado a
complicações neurológicas, conforme relatado durante epidemias simultâneas de
zika e dengue na Polinésia Francesa.
O
diagnóstico clínico feito pelo médico ou profissional de saúde é essencial, uma
vez que é o método mais rápido e o paciente já pode iniciar o tratamento mais
adequado. No entanto, de acordo com as falas de pesquisadores durante o
seminário Vigilância
em Saúde das Doenças Virais Chikungunya, Zika e Dengue: desafios para o
controle e a atenção à saúde, realizado na Fiocruz nos dias
3 e 4/11, os profissionais de saúde ainda necessitam de capacitação no manejo
clínico dessas doenças, uma vez que chikungunya entrou no Brasil apenas em 2014
e zika em 2015.
A confirmação do diagnóstico clínico
pode ser feita por meio de exames laboratoriais. O Instituto Oswaldo Cruz
(IOC/Fiocruz) e o Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná) têm laboratórios
de referência para a detecção dos vírus da dengue, zika e chikungunya. A
Fiocruz Paraná também está trabalhando no desenvolvimento de um kit para
diagnóstico rápido de infecção por chikungunya.
Para
investigar os casos de microcefalia que têm sido notificados no Brasil, o MS
está realizando exames clínicos, de imagens e laboratoriais com mães e bebês,
além de entrevistas e investigação do histórico do pré-natal e obstétrico.
Ainda não há vacina para nenhuma das três doenças. A prevenção para dengue,
zika e chikungunya é o combate ao mosquito Aedes aegypti e o uso de repelentes. Como a cocirculação dos três
vírus nas Américas é recente, ainda são necessários muitos estudos,
especialmente com relação à coinfecção e o efeito da infecção sequencial desses
diferentes vírus.
Entenda mais sobre cada uma dessas doenças no Glossário de Doenças:
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